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Serralves no Palácio da Bolsa: Já chegaram as peças que integram a instalação da artista alemã Katharina Grosse
Serralves no Palácio da Bolsa: Já chegaram as peças que integram a instalação da artista alemã Katharina Grosse
Até ao final de Setembro, o Palácio da Bolsa acolhe obras de Katharina Grosse, fruto da parceria estabelecida entre a Associação Comercial do Porto e o Museu de Serralves. Esta é a terceira exposição resultante da colaboração activa estabelecida entre as duas instituições e que representa mais uma aposta da Direcção da Associação Comercial na abertura do edifício à cidade.
Numa inusitada simbiose entre os interiores históricos do Palácio e as propostas modernistas dos artistas selecionados, esta mostra oferece ao público a possibilidade de descobrir a irreverência desta artista alemã num enquadramento único.
Algures entre a pintura e a escultura, “Atoms Outside Eggs” [Átomos fora de ovos] pode ser considerada uma pintura escultórica. Trata-se de uma obra paradigmática da prática de Katharina Grosse, caracterizada por um constante questionamento do suporte da pintura: a artista é conhecida pelas suas experiências com materiais coloridos retirados do suporte convencional de uma pintura, constituindo objetos pictóricos cujo objetivo consiste em aproximar cor e matéria. O título refere-se às duas diferentes formas utilizadas como suportes para a obra ovos e esferas. Grosse dispôs estes elementos numa determinada constelação, distribuídos de maneira mais ou menos uniforme, e pintou com spray por cima das superfícies já coloridas. Por um lado, aplicou cores diferentes de modo a que, quando vistos a partir de ângulos diversos, predominassem determinadas cores, por exemplo, púrpura quando vistos de um lado ou cor-de-laranja se percecionados do outro lado. Para além disso, utilizou pela primeira vez um bocal muito estreito na pistola de spray com o intuito de aplicar desenhos lineares sob a forma de rabiscos sobre nebulosas expansões de tinta, trazendo para o museu técnicas e formas que associamos à arte de rua, nomeadamente pichagens e grafitos. A distribuição dos ovos e esferas, associada à sua dimensão, serve à artista para retirar à perceção da pintura um ponto de vista privilegiado e para reivindicar como parte da obra a deambulação do espectador pelo espaço arquitetónico envolvente, que poderá ser considerado minúsculo – como se o espectador tivesse entrado num mundo gulliveriano. O trabalho de Katharina Grosse começou a adquirir uma maior visibilidade pública quando, em finais dos anos 1990, a artista começou a pintar salas e fachadas a spray. Não obstante o carácter espetacular deste trabalho, a sua prática foi sempre orientada pela preocupação fundamental com questões básicas da pintura, nomeadamente as relações entre cores e formas, e entre a forma como a tinta é aplicada e o tipo de suporte eleito.