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Seminário Diplomático: ambição, internacionalização e promoção externa são desafios preponderantes para a economia nacional











A sessão do Seminário Diplomático, realizada no Palácio da Bolsa, contou com uma mesa-redonda dedicada aos desafios económicos do país e ao papel que os representantes da política externa podem desempenhar nessa matéria. O Ministro da Economia, Pedro Reis, foi o primeiro interveniente do painel, tendo elogiado a “extraordinária competência do corpo diplomático” português, no apoio aos contactos internacionais que tem mantido enquanto governante.
Olhando para o quadro europeu, Pedro Reis lançou vários aspetos que considera de maior interesse para os investidores no contexto atual, como a redução do peso das dívidas, a revisão das taxas de juro ou a entrada em funções de uma nova Comissão Europeia de “perfil reformista”. O acordo com o Mercosul, como “alternativa a um mundo em desagregação”, foi outra das notas de destaque, com o ministro a assinalar a “janela de oportunidade algo inesperada” que se oferece a Portugal, num quadro em que as cadeias de valor são redesenhadas e “o valor base já não é tanto a eficiência económica, mas a segurança estratégica”.
Nesta linha de otimismo, o titular da Economia vê, no curto prazo, vantagens comparativas para Portugal e que estão a fazer com se recupere o interesse pelo nosso país. Entre elas, sublinhou, está a abertura à inovação, ao investimento externo e à reindustrialização. “Esta mensagem está a passar”, repetiu Pedro Reis, que apontou a fiscalidade, o financiamento e os ganhos de escala como prioridades das empresas nacionais nos próximos anos.
Nuno Botelho: o papel preponderante da diplomacia
Nuno Botelho foi o segundo interveniente desta mesa-redonda, começando por elogiar o papel dos embaixadores e representantes na “promoção do país, das suas marcas, produtos e inovações”, assinalando também a importância de, “numa pequena economia aberta” como a portuguesa, o caminho da internacionalização ser inevitável.
Nesse particular, o dirigente sublinhou vantagens comparativas de que o país dispõe, como a posição geográfica e a língua, fazendo também referência ao nível de formação em tecnologia, ao investimento crescente em inovação e à excelência de vários produtos. “Perante o quadro de incerteza económica com que estamos confrontados, a nossa ambição global tem de ser reforçada”, sublinhou Nuno Botelho, apontando a necessidade de “construir marcas comerciais mais fortes”, ter a capacidade de “vender melhor os nossos produtos e serviços” e conseguir “exportar com maior diferenciação e valor acrescentado”. Assim, o presidente da ACP-CCIP considerou que o corpo diplomático “deve desempenhar um papel fundamental” no futuro, ao nível do “reforço das ligações comerciais, culturais e institucionais”, na “exploração de mercados emergentes e novas oportunidades” e na promoção externa “de um país que, sendo pequeno em dimensão, tem um papel geoestratégico relevante no contexto europeu”.
Seguiu-se a intervenção de Carlos Moreira da Silva, empresário e presidente do Business Roundtable Portugal, associação que junta as maiores empresas nacionais. Sob o mote da “importância de ganhar escala”, o representante considerou que a falta de produtividade é o principal obstáculo ao crescimento, não apenas português, mas europeu, e fez a comparação deste indicador entre as PME e as empresas de maior dimensão, com clara vantagem para as últimas.
Ricardo Arroja, presidente do AICEP, foi o último interveniente do painel. O dirigente abordou o contexto macroeconómico e as tensões existentes no comércio internacional, lembrando as “barreiras” que são hoje colocadas ao mercado livre, como sejam os controlos de exportação ou as taxas não aduaneiras. Num contexto de crescimento económico díspar, Arroja olhou para a situação portuguesa com otimismo, lembrando “os resultados positivos nos últimos 10 anos”, com um “ritmo de crescimento de 5% ao ano” nas exportações de bens e “de 9% por ano” nas exportações de serviços, superando a meta global dos 50%.
O dirigente lançou, assim, o repto para que AICEP, Ministério da Economia e corpo diplomático “trabalhem em conjunto” para ter a “ambição de fazer crescer” a economia. “Um país de diminuta dimensão territorial, como o nosso, tem de ser muito ambicioso nos planos de crescimento e expansão”, considerou Ricardo Arroja, assinalando as oportunidades que existem ao nível da digitalização e dos serviços.
Após uma breve intervenção de Francisco Ribeiro Telles, diplomata de carreira e Secretário-Geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros, coube a Paulo Rangel, Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, encerrar o Seminário Diplomático – que se realizou, pela primeira vez, no Porto. O governante fez uma síntese das principais conclusões resultantes dos três dias de trabalho do evento, destacando os desafios que Portugal enfrenta no quadro da sua política externa e valorizando, de forma mais específica, a oportunidade que o país tem de explorar as suas vantagens geopolíticas ao nível do crescimento económico.
9 de Janeiro 2025