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Presidente da CIP apelou à produtividade e ao inconformismo nas últimas Conversas na Bolsa de 2023
Armindo Monteiro foi o convidado da última edição do ano das Conversas na Bolsa, com uma intervenção em que refletiu sobre as causas do atraso económico português e desafiou os presentes para um “despertar de consciências”, que não “aceite como uma fatalidade” a realidade em que vive o país.
O Presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, elogiado por Nuno Botelho por não ter aceitado o último acordo de concertação social apresentado pelo Governo, começou por se dirigir ao Senado do Porto lamentando o “dia mau” que representou a última quinta-feira, 7 de dezembro, para a região, devido à situação no Jornal de Notícias: “não há democracia forte sem um jornalismo forte”, lembrou, citando a máxima de Condorcet de que “toda a sociedade que não é esclarecida por filósofos é enganada por charlatões”. Seguindo o mote da sua exposição, “nortear o crescimento”, Armindo Monteiro considerou que a região nortenha não vive uma “utopia de empreendedorismo”, mas algo concreto, feito por “gente que faz por si” e que “não vive encostada ao Estado”. “Esta região exporta mais para fora do país do que para outras regiões portuguesas, o que é notável”, acrescentou.
Esse exemplo, prosseguiu, deve ser seguido pelo resto do país, abandonando a ideia do intervencionismo económico: “O Estado não pode ser regulador e ator, fomentando a concorrência imperfeita”. O dirigente lamentou as dificuldades que são colocadas aos empresários nacionais, nomeadamente a questão da fiscalidade e da justiça, e considerou que a classe política devia ir mais vezes ao “chão de fábrica” para perceber a realidade que enfrentam.
“Ninguém quer reformas”
Associando aos problemas vividos nas empresas, o Presidente da CIP apontou para o défice de produtividade que existe na nossa economia e que, se não for corrigido, “não pode haver crescimento”. “Para termos um nível salarial igual à média europeia, também precisamos de ter um PIB e uma produtividade na média europeia”, apontou Armindo Monteiro, que traçou o objetivo de atingir esse patamar até 2030. “Nós queremos um desígnio, uma exigência, caso contrário vamos continuar na mesma”, justificou, lamentando o pensamento de “curto prazo” dominante na classe política. “Ninguém quer reformas”, referiu a esse propósito, lembrando os estudos que apontam para uma dependência direta ou indireta do Estado por parte de mais de 60% da população portuguesa e o crónico recurso aos fundos comunitários: “o que queremos é ser elegíveis para o próximo quadro comunitário”.
No final, o convidado exortou à ação de todos aqueles que não se conformam com esse estado de coisas. E fez um paralelismo curioso com a chamada Geração de 70, conhecida pelo epíteto “vencidos da vida”. “Eles é que se juntavam em tertúlias, para discutir o país sem intenção de resolver qualquer problema”, ilustrou o Presidente da CIP, que diz “não aceitar a mediocridade e o atraso” como “uma fatalidade”. “Empenhem-se, não aceitem que continuemos a perder os melhores do nosso país. É chegado o momento de despertamos consciências”, concluiu.
11 de dezembro 2023