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O Porto é uma Nação, de Jorge Morgado, traduz a “têmpera” e o “caráter” de uma cidade







Com o apoio da Associação Comercial do Porto, foi apresentado no Salão Árabe, no dia 18 de outubro, o livro O Porto é uma Nação, da autoria do ex-jornalista e consultor de comunicação, Jorge Afonso Morgado. A obra, publicada pela Primeira Edição, reúne um conjunto de crónicas escritas pelo autor ao longo dos últimos 25 anos, em meios de comunicação como O Independente, Jornal de Notícias ou Observador.
Para o Presidente da Associação Comercial do Porto, a publicação traduz a atitude de Jorge Morgado, enquanto “apaixonado pelas raízes” e cidadão “preocupado com a cidade”, recordando o contributo que prestou à eleição de Rui Moreira como Presidente da Câmara Municipal em 2013, ajudando a “construir um Porto melhor”.
A visão do autor sobre a cidade e a região, na perspetiva de Nuno Botelho, remete para o seu cosmopolitismo, manifestado em referências à movida dos anos 90, à escola de arquitetura do Porto e ao movimento turístico, que Morgado assinala nos seus textos como um aspeto “fundamental para o desenvolvimento económico dos últimos anos”. A título de exemplo, o Presidente da Associação Comercial recordou um guia portuense, publicado pelo escritor na década de 90, n’O Independente, que se “mantém atual nos locais fundamentais” e que “exemplifica bem o que é o Porto turístico”.
Outra nota particular, referida por Nuno Botelho, foi a crónica sobre a TAP publicada em 2015, em que Jorge Morgado considerava que a companhia aérea “não serve o Porto e a região”. Na perspetiva do dirigente, o livro “define a têmpera do autor, mas também deste povo de caráter, de ‘antes quebrar que torcer’”, transmitindo uma “marca que transborda em muito os seus limites geográficos”. “O Porto é único, por ser diferente e por se querer diferente, que não renega a história, os hábitos, o sotaque e sequer as fraquezas. Pelo contrário, é um Porto que se projeta como é e com a força criativa que tem”, concluiu o líder da Associação Comercial.
CRONISTA PÓS-MODERNO
Também convidado para apresentar esta edição, Rui Moreira começou por elogiar as “características muito raras” de Jorge Morgado, designadamente a frontalidade e lealdade com que “sabe dizer que não está de acordo”. Para o Presidente da Câmara Municipal, a expressão que titula o livro é a “assinatura da identidade portuense” e exemplo do “orgulho, coragem, independência de espírito e sentido de liberdade” que existe na população.
Para Rui Moreira, o ex-jornalista representa em escrita “a forma de pensar, sentir e agir do Porto”, fundada em “valores liberais e burgueses”. O autarca considerou Jorge Morgado como um cronista “absolutamente contemporâneo ou pós-moderno”, capaz de combinar “o passado e o presente, o popular e o cosmopolita, a cultura com a mundanidade, a sofisticação com a tradição”. Com a marca “de humor” que caracterizava O Independente, Rui Moreira assumiu que o autor “tem a ‘sem vergonhice’ muito tripeira de dizer o que pensa e pensar por si próprio”.
O Presidente do Município agradeceu ainda as “palavras lisonjeiras” que Morgado tem dedicado à atual gestão autárquica e à “notável obra” deixada por Paulo Cunha e Silva, elogiando o contributo do escritor para o “nascimento de um Porto novo, feliz e contente”. “O Porto só tem a ganhar por ser retratado por bons autores”, sublinhou.
O INSUBSTITUÍVEL INDY
O autor agradeceu as referências de Rui Moreira e Nuno Botelho e começou por recordar o “mais impressionante projeto jornalístico pós-25 de abril” – O Independente –, jornal em que começou a trabalhar aos 21 anos e cujos textos recupera nesta edição. “Foi o primeiro jornal escrito por gente que não fez o 25 de abril e por isso foi tão marcante e irrepetível”, definiu Jorge Morgado, recordando uma crónica escrita no Público, com o título O Insubstituível Indy.
O autor de O Porto é uma Nação recordou um sketch de Raul Solnado, no tempo dos discos de vinil, em que o humorista retratava o portuense como o “homem do emblema”, em que este fazia referências auto-depreciativas da cidade. “Nunca achei grande piada, mas esse Porto muito provinciano e de mão estendida felizmente não durou muito tempo”, assinalou, considerando que o Porto é a “verdadeira cidade maravilhosa”: “é confortável, solidária, trabalhadora e digna; sobretudo digna”, reforçou o autor. Jorge Morgado assumiu que os portuenses têm “a mania que são especiais”, mas só porque são “mesmo especiais”: “somos diferentes, porque somos genuínos”.
19 de outubro 2022