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Nuno Fitas Mendes, nas Conversas na Bolsa: “temos de levar o know how de energia para fora do país”











Portugal pode ter no setor da energia um ativo de exportação e de internacionalização da sua economia. A ideia foi defendida por Nuno Fitas Mendes, administrador executivo da REN Portgás, enquanto convidado das Conversas na Bolsa, o almoço-conferência da Associação Comercial do Porto.
O especialista começou por traçar um contexto histórico sobre a evolução da humanidade, o crescimento demográfico e as principais conquistas sociais, para enquadrar a importância da energia como factor indispensável ao desenvolvimento das populações. Assinalando que os combustíveis fósseis foram “o motor da economia desde a revolução industrial”, o convidado apontou que, “até hoje, persiste a ideia de que um Estado é tão mais rico, quanto mais consumo de energia per capita apresentar”.
No entanto, Nuno Fitas Mendes considerou que “já não é admissível” insistir num modelo de desenvolvimento “baseado nos índices de consumo energético”. O “desafio”, prosseguiu, “é continuar a evoluir, mas com eficiência energética”, num caminho em que Portugal se tem destacado a nível internacional, de acordo com o World Energy Council. Numa tabela que mede a segurança do abastecimento, a sustentabilidade e o património energético, o nosso país ocupa o 17º lugar, num ranking onde já esteve na 14ª posição em 2021. “É impossível ter esta classificação sem termos tido políticas que, no longo prazo, tenham sido bem pensadas e executadas”, elogiou o engenheiro e gestor.
Além desta nota, o líder da REN Portgás descreveu a “dinâmica positiva” do setor energético nacional, com amplo cluster em que se encontram empresas de produção, distribuição, comercialização e instalação de equipamentos. “São empresas que atraem fundos e capital para o nosso país, porque somos vistos como referência em inovação e adoção de novas tecnologias, além de termos uma regulação e legislação estáveis”, aprofundou o orador, dando como exemplo os diversos centros de comando e controlo que existem no Porto, a partir dos quais “se controlam diversos ativos de energia mundiais”. “Temos know-how, sabemos usá-lo e evoluímos muito nos últimos 30 anos”, referiu Fitas Mendes, assinalando que o ecossistema do setor emprega mais de 30 mil pessoas e gera um volume de negócios superior a dois mil milhões de euros por ano.
Aqui chegados, insistiu o convidado, importa refletir sobre o que pode o setor energético fazer pelo país. E a resposta do gestor responsável pela REN Portgás é clara: “podemos ter mais escala, fazer mais parcerias, internacionalizar a vinda de empresas para Portugal”. Para Fitas Mendes, o desígnio passa por “levarmos o know-how que temos para fora de Portugal”.
O especialista concluiu a sua intervenção dando o exemplo da sua empresa, onde existe um plano de investimentos na ordem dos 100 milhões de euros até 2029, para aposta na descarbonização e no reforço da rede de distribuição de gás natural. Esse investimento, descreveu o administrador, “prevê a incorporação em quantidades progressivamente crescentes de biometano de hidrogénio, para além do gás natural em misturas”, com o objetivo último de “ter gás renovável em quantidade suficiente para substituir o gás natural importado”.
Veja o vídeo completo da intervenção no canal Youtube da Associação Comercial do Porto.