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Nuno Botelho no RE:Connect Porto: “falta capital para investir, crescer e aumentar a produtividade da nossa economia”
Nuno Botelho foi o orador convidado da iniciativa RE:Connect Porto, promovida no passado dia 24 de janeiro pela Câmara de Comércio Luso-Alemã / AHK Portugal, no Palácio da Bolsa. Após as intervenções iniciais de Markus Kemper, presidente da entidade promotora do evento; e de Christian Bothmann, cônsul honorário da Alemanha no Porto; o Presidente da Associação Comercial do Porto traçou uma panorâmica sobre a situação económica do nosso país e sobre as suas principais vantagens competitivas no contexto europeu e global.
A segurança foi a primeira característica invocada por Nuno Botelho, recordando que Portugal é o sexto país mais seguro do mundo, de acordo com Global Peace Index 2022, “à frente de outros Estados reconhecidos como extremamente seguros, como a Suíça, Singapura, Japão ou Canadá”. A educação, na perspetiva da melhoria das qualificações da população adulta nos últimos 20 anos, foi outro fator distinguido pelo anfitrião, com especial referência aos 20% de licenciados em áreas ligadas à engenharia, indústria e construção.
Também a política de acolhimento a imigrantes foi destacada pelo dirigente, assim como a unidade territorial no país, cujas fronteiras se mantêm inalteradas desde 1297 e onde não existem tensões separatistas. Também no domínio da geografia, Nuno Botelho realçou a condição de “porta de entrada” do nosso país para as ligações áreas – com especial predominância para a América do Norte, América Latina e África – e para as rotas portuárias, destacando a qualidade da gestão operacional dos portos de águas profundas, em Sines, Lisboa e Leixões, assim como a margem de crescimento que estas infraestruturas têm.
O transporte ferroviário de mercadorias, a rede de autoestradas e as telecomunicações foram outras vantagens competitivas enunciadas, com Nuno Botelho a não deixar de sublinhar o contributo económico da região Norte, enquanto território com a “maior intensidade industrial e exportadora” no país, fruto do seu contributo de 37% para o total de exportações nacionais. O Norte, acrescentou, é uma região que “está apta a acolher investimento estrangeiro, que tem uma cultura assinalável de inovação empresarial e de empreendedorismo, com vocação fundamentalmente exportadora e com forte tradição e experiência industrial”.
Traçada a panorâmica sobre as condições estruturais do país e da região, o Presidente da Associação Comercial do Porto apontou para a necessidade que Portugal tem em manter a trajetória de atração de Investimento Direto Estrangeiro, na linha da duplicação registada entre 2008 e 2023. “O país, pelas suas condições geográficas, de infraestrutura, capacidade instalada e know how, tem um enorme potencial para receber investimento de natureza industrial e tecnológica, sendo um destino preferencial na política de re-industrialização europeia. E, claro, alemã”, sublinhou.
Sectores como a economia do mar, a metalomecânica, o agroalimentar, a transformação de madeira e cortiças ou o turismo foram destacados pelo orador como boas oportunidades de investimento, quer pelo seu capital de experiência acumulada, quer por resultarem da gestão de recursos endógenos. Nuno Botelho deixou uma palavra de incentivos aos membros da AHK Portugal para que contribuam na resposta a um dos grandes problemas nacionais: a escassez de capital. “Temos paz social, segurança, força de trabalho qualificada, excelente localização geográfica, mas falta-nos capital para investir, crescer e aumentar a produtividade da nossa economia”, referiu, dando nota da importância de obter “parceiros credíveis e duradouros” para esse objetivo, “como as empresas alemãs”, que “já deram provas de confiança no passado”.
2 de fevereiro 2024