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Na sua “segunda casa” e após 22 anos como diretor, Paulo Rangel recebeu a medalha de ouro da Associação Comercial
O jantar anual de associados ficou marcado pela homenagem ao orador convidado e Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel. Após 22 anos de funções diretivas, e a título de “justo reconhecimento” pela dedicação à mais antiga associação empresarial do país, o governante recebeu das mãos de Nuno Botelho a medalha de ouro da Associação Comercial do Porto (ACP-CCIP).
Sobre o homenageado, o presidente da ACP-CCIP recordou o empenho que Paulo Rangel demonstrou desde o início, em 2002, quando assumiu funções na Direção, lançando-se em “projetos e iniciativas que contribuíram para valorizar o papel da Associação Comercial do Porto na região e no país”. Além disso, acrescentou Nuno Botelho, nunca escondeu a “paixão muito particular pela história da Associação e do próprio Palácio da Bolsa”, de que é um conhecido cultor divulgador.
No primeiro discurso da noite, o anfitrião também deixou elogios ao percurso político do governante, considerando que a sua nomeação como Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros “é o corolário natural de um percurso político empenhado, sério e, acima de tudo, profundamente meritório”. “É, aliás, um exemplo infelizmente raro no nosso país, de alguém que não fez da política uma carreira ou ambição, antes um propósito cívico, um ato de serviço e de compromisso com a causa pública”, sublinhou Nuno Botelho, que não escondeu a “amizade muito profunda” que o une a Paulo Rangel há mais de 30 anos.
O Presidente da ACP-CCIP aproveitou este jantar anual para assinalar os 190 anos da instituição e sublinhar alguns dos objetivos que estão a ser concretizados ou lançados para o futuro próximo. Um dos que mereceu particular destaque foi a criação de uma residência universitária, que vai permitir acrescentar cerca de 30 quartos ao mercado de arrendamento para estudantes e, ao mesmo tempo, contribuir para combater uma das carências fundamentais da região Norte: “dificuldade em reter os jovens qualificados”. “Este investimento corresponde a uma preocupação cívica com o futuro dos nossos jovens, com a garantia de que dispõem de condições para cumprir cá a sua formação e, se possível, que possam iniciar e prosseguir uma carreira profissional na região”, justificou o dirigente.
Nuno Botelho lembrou, ainda, a aposta na digitalização dos serviços da ACP-CCIP, a renovação patrimonial do Palácio da Bolsa e a recuperação do órgão consultivo, agora designado por Senado do Porto. “Cumprir 190 anos é uma grande responsabilidade para qualquer organização, mas é, ao mesmo tempo, um estímulo e uma motivação acrescida para aportar novos objetivos e propósitos para o futuro”, considerou o responsável.
Homenagem com “significado transcendente”
“Absolutamente emocionado e comovido” e reconhecendo a “soberba” de considerar o Palácio da Bolsa e a Associação Comercial do Porto como a sua segunda casa, Paulo Rangel recebeu a homenagem unânime da Direção e partilhou com os presentes o “significado transcendente” que atribui a este gesto que considerou “de grande generosidade”.
Já na pele ministerial, fez uma preleção breve sobre o papel geoestratégico que compete a Portugal, começando por sublinhar a sua vocação de “Estado marítimo ou oceânico” e as suas alianças político-militares com o Reino Unido e com os Estados Unidos da América, neste caso por via da Aliança Atlântica.
Mantendo esta associação ao mar, o Ministro dos Negócios Estrangeiros lembrou que a própria designação do país – que decorre da palavra Porto – remete para a ideia de ser a porta atlântica da Europa e assumir uma vocação marítima que confere “não só a profundidade estratégica, mas também a projeção linguística”, através da comunidade de países de expressão oficial portuguesa.
Assim, e após a integração europeia em 1986, Portugal define-se, na perspetiva de Paulo Rangel, como um país atlântico europeu, que pode aproveitar a sua posição estratégica para ter um papel determinante na oposição à “viragem para o Indo-Pacífico” que a sociedade global tem demonstrado nas últimas décadas. Sobretudo, através de uma estratégia de “relançamento do Atlântico”, que impeça uma futura unipolaridade sediada na Ásia ou entre a América e a Ásia”. Em termos práticos, de acordo com o governante, para Portugal essa viragem atlântica materializa-se na conclusão do acordo União Europeia – Mercosul; num novo tratado comercial com os Estados Unidos e na ligação entre o Sul da Europa, a costa Ocidental de África e a América do Sul.
17 de Julho 2024