Há muitas cidades portuárias pela Europa fora e todas elas com características geográficas semelhantes, mas só o Porto foi designado desta forma. Assim recordou Joel Cleto no início da visita guiada alusiva aos 190 anos da Associação Comercial do Porto, em pleno Cais da Ribeira, onde toda a atividade mercantil da cidade se iniciou, forjando o espírito da cidade.

O historiador conduziu o grupo de sócios pelos principais pontos deste berço comercial portuense, desde a Praça da Ribeira, à rua dos Mercadores – a principal ligação entre a zona ribeirinha e o morro da Sé, antes da abertura da rua Mouzinho da Silveira.

Recordando a agitação de outros tempos e os negócios gerados em torno do Vinho do Porto, Cleto passou pela antiga rua dos Ingleses (hoje rua do Infante D. Henrique) o local onde se reuniam os grandes protagonistas do negócio do “vinho fino” e que tiveram um papel preponderante na criação da Associação Comercial. Antes disso, houve direito a visita especial à Feitoria Inglesa, com a participação da sua manager, Cecília Silva, no dia em que se preparava a Christmas Party – um dos momentos altos do ano na instituição fundada em 1727.

Neste encontro, foi possível testemunhar episódios marcantes dos acordos comerciais entre Portugal e a Inglaterra, assim como todo o ritual associado ao Vinho do Porto – com direito a incursão pela histórica adega da Feitoria.

O périplo histórico de Joel Cleto prosseguiu até à Praça do Infante – ela própria um marco da intervenção cívica da Associação Comercial do Porto – e à cronologia de uma instituição que se confunde com a revolução liberal de 1820 e todos os acontecimentos que conduziram à implementação da monarquia constitucional e à emergência da burguesia comercial. O Palácio da Bolsa, obra fundamental na história da Associação, foi o ponto de chegada deste trajeto, com Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto, a agradecer a participação dos sócios que marcaram presença, nesta que foi a última iniciativa comemorativa dos 190 anos da instituição.