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Há mais um motivo de interesse para se visitar o Palácio da Bolsa
A Associação Comercial do Porto decidiu oferecer aos visitantes do Palácio da Bolsa a possibilidade de apreciarem os brasões descobertos por baixo das actuais representações das armas da casa de Saxe-Coburg e Gotha e da República Portuguesa, que integram a decoração do Pátio das Nações, da autoria de Tomás Soller. Trata-se, respectivamente, do símbolo japonês do Shogunato de Tokugawa e da coroa da monarquia portuguesa, replicados no mesmo tamanho dos painéis que adornam esse espaço. A descoberta destes símbolos ocorreu durante os trabalhos de restauro do Pátio das Nações, que se realizaram entre Agosto de 2014 e Fevereiro de 2015.
Com recurso a luz rasante e luz ultravioleta sobre o brasão da casa de Saxe-Coburg e Gotha, foi possível detectar o desenho da bandeira desse Shogunato, que os restauradores prontamente delinearam com giz. Num verdadeiro golpe de sorte, uma das técnicas da equipa de restauro identificou na internet um símbolo exactamente igual ao que foi possível descobrir no Palácio. Foi assim que se concluiu que o desenho previamente pintado no painel onde hoje estão as armas da casa de D. Fernando, se referia ao símbolo do Shogunato de Tokugawa, regime que foi extinto por volta de 1868, informação posteriormente comprovada pela Embaixada do Japão em Lisboa.
Aponta-se como possível justificação para a existência desse desenho no tecto do Palácio da Bolsa, o facto do Japão ter trazido uma vasta comitiva à Exposição Internacional do Porto, de 1865, que teve lugar no antigo Palácio de Cristal, e que a Associação Comercial do Porto organizou em conjunto com a Associação Industrial Portuense (hoje AEP). A recepção a essa comitiva terá tido grande impacto.
Também os desenhos dos brasões representativos de Portugal e do Brasil foram objecto de alterações, após a implantação das respectivas repúblicas. Não se sabe se os três “repintes” aconteceram na mesma altura (nesse caso, só após 1910), ou se foram sendo repintados à medida que os acontecimentos ocorreram.
Recorde-se que o Palácio da Bolsa começou a ser construído em 1842 e só ficou completamente concluído em 1908. Os trabalhos decorativos do interior acentuaram-se sobretudo a partir de 1860 e no Pátio das Nações figuram as armas dos países que, à data, detinham relações comerciais preferenciais com Portugal e com o Porto, em particular.
Veja aqui a notícia relativa aos novos brasões, que o Jornal Público publicou no dia 26 de Julho.
E aqui, a reportagem emitida pela RTP.