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Em entrevista à revista Executive Digest, Nuno Botelho defende: “Não temos tido capacidade de criar marcas em Portugal”
O Presidente da Associação Comercial do Porto é protagonista da edição de Julho da Executive Digest, revista especializada em economia e gestão. Numa longa entrevista, Nuno Botelho faz o ponto de situação ao associativismo de natureza empresarial e considera que este já viveu tempos mais positivos, estando a perder força devido ao excesso de individualismo no mundo dos negócios: “cada um está preocupado com o seu negócio e tem dificuldade em pensar que, por exemplo, através do movimento associativo, as coisas podem funcionar melhor, conseguindo, em conjunto, atingir maiores objetivos”.
Olhando para a economia nacional, o líder da Câmara de Comércio e Indústria do Porto vê falta de desígnios nacionais que acelerem o desenvolvimento do país, criticando a perda de oportunidades sucessivas e o facto de “estarmos constantemente a navegar à vista”.
Um dos aspetos centrais da entrevista é a falta de valor acrescentado que Nuno Botelho vê nos bens produzidos no país. Apesar da qualidade comparável com os melhores, a produção nacional não consegue criar escala e marca suficientes para ser competitiva em termos internacionais: o Douro produz vinhos maravilhosos, tem mais ou menos a mesma extensão de Champagne, em França, mais ou menos o mesmo número de viticultores, mas uma fatura 500 milhões de euros e a outra 4 mil milhões. O que tem a qualidade que ver com isto?”.
Crítico da ineficácia da Administração Pública e do Governo, Nuno Botelho diz que o Estado consome grande parte da riqueza produzida pelo país e bloqueia o crescimento económico. As assimetrias regionais e falta de coesão são outra das notas dominantes, com o Presidente da Associação Comercial do Porto a assumir que a instituição vai “continuar a lutar pela descentralização ou pela regionalização”. “Se não houver capacidade de descentralizar o país, não haverá capacidade de desenvolvimento”, aponta nesta entrevista.