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Conferência SEDES: António José Seguro não quer “país de mínimos” e Nuno Botelho apela à “estabilidade” nas políticas







Promovida pela sua secção do Porto, a SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social voltou a trazer uma conferência ao Palácio da Bolsa, no passado dia 26 de março, desta vez dedicada ao tema “Portugal, que futuro?” e que teve António José Seguro como protagonista.
Como explicou Álvaro Beleza, presidente do think tank, tratou-se da primeira de uma sequência de iniciativas em que a SEDES pretende “ouvir os possíveis candidatos presidenciais das áreas moderadas”. “A moderação é educação e civilidade na transmissão das ideias”, justificou o dirigente, assumindo que a escolha de António José Seguro se deveu à “integridade” do seu percurso. “A vida pública portuguesa precisa de pessoas com integridade”, acrescentou Álvaro Beleza.
O presidente da Associação Comercial do Porto felicitou a SEDES pela iniciativa e qualificou-a de “relevante” face, não apenas à importância da figura do Presidente da República, mas sobretudo “pelo momento muito particular que vivemos”, onde se cruza a “instabilidade governativa”, uma “crise de confiança dos cidadãos” e a “ausência de compromisso entre os partidos moderados”.
Na perspetiva de Nuno Botelho, um país com as “carências e debilidades estruturais” de Portugal “não pode dar-se ao luxo de precipitar sucessivas crise políticas”. “Não podemos viver de microciclos, sob pena de perpetuarmos essas dificuldades e comprometermos respostas de longo prazo”, considerou o anfitrião, defendendo a necessidade de ser encontrado um “caminho de estabilidade nas políticas públicas, para obter resultados mais consistentes”, desde logo na economia, onde a “previsibilidade é fundamental para gerar confiança”.
Nuno Botelho criticou, ainda, a perspetiva “dirigista” com que a classe política olha para a sociedade e, de forma muito particular, para as empresas. Na opinião do presidente da ACP-CCIP, a prioridade dos dirigentes deve estar na “vontade de transformar a vida das famílias e das empresas” e não “na manutenção do poder ou na precipitação de eleições”. “O Presidente da República, pela sua legitimidade própria, tem um papel fundamental a cumprir nesta matéria”, concluiu o dirigente.
António José Seguro: “vivemos crise de regime”
O convidado para a conferência começou a sua intervenção por deixar um cumprimento ao Porto, “a cidade que nunca se rende e que disse sempre presente quando o país precisou”. Feito o elogio e o enquadramento social do país, após 50 anos de democracia, António José Seguro reconheceu as “muitas conquistas”, mas lamentou “os problemas que persistem”, com destaque para o “crescimento económico insuficiente”, os “dois milhões de pobres” e a “emigração dos nossos jovens”. Repetindo uma descrição que já tem usado, o antigo ministro e líder do Partido Socialista considerou que, nos últimos anos, vê “o Estado a abrir fendas, a sociedade a deslaçar e a democracia a perder qualidade”. “A crise que estamos a viver não é só política. É uma crise de regime”, observou.
Feito o diagnóstico e num país “onde abundam os relatórios”, António José Seguro defendeu que a “continuidade não é solução” e propõe que Portugal “deixe de ser um país de mínimos, de salário e rendimento mínimo, para passar a ser um país de excelência, de qualidade e de ambição”.
Para dar um “salto qualitativo” e fazer equivaler Portugal “aos países mais desenvolvidos da Europa”, o convidado identificou cinco objetivos fundamentais: capacitar o país, com destaque para a criação de oportunidades para os jovens, a competitividade das empresas e o choque tecnológico; olhar o território português com outra ambição; rejuvenescer a população; reduzir as desigualdades e criar uma nova cultura política.
28 de março 2025